Vira e mexe aparece um livro novo daqueles autores que já não estão mais nesse nosso plano dos mortais e ajuda a matar a saudade daquelas páginas que tanto nos acompanharam. Muitas vezes não é exatamente um livro acabado, mas já dá aquela aquecida no coração. Esse é o caso do Em agosto nos vemos.
A História: Ana Magdalena Bach todo ano leva flores ao túmulo de sua mãe em uma ilha que fica a 4 horas de viagem de onde ela mora. Todo ano ela faz o mesmo trajeto, pega o mesmo táxi e se hospeda no mesmo hotel. Chega no mesmo dia, compra as mesmas flores e chega ao cemitério no mesmo horário. No dia seguinte pega a barca de volta para casa.
Em uma dessas viagens, porém, a noite de espera pelo retorno se torna aventura amorosa de uma noite e isso muda tudo, mesmo que ela não perceba e muito menos saiba o porquê.
E assim Ana Magdalena Bach volta para casa, para o marido, para a vida de todo dia, mas não vê a hora de chegar o ano seguinte e o seguinte e o seguinte.
Porque ler: Gabriel García Márquez era um contador de histórias imenso. Um narrador gigante como só poderia mesmo ter sido o autor de Cem Anos de Solidão.
E ainda que esse seja um pequeno fragmento que não se sabe exatamente como seria publicado por ele, desde o início mergulhamos na história de Ana Magdalena Bach e sua família de músicos assim como toda música que está ao redor dessa história numa ilha caribenha e suas imagens suarentas.
Não é o livro mais acabado de Gabo e está longe de ser o melhor também, mas é aquele alento para a saudade que todo fã ama quando encontra algo novo de um autor amado.
No final do livro conhecemos por seu filho e seu editor como é que esse livro acabou publicado mesmo depois que Gabo mandasse que ele fosse destruído.
Eu faria o mesmo que o filho e obviamente guardaria tudo o que meu pai Nobel de Literatura escrevesse, obrigada Rodrigo e Gonzalo Barcha!
Além disso, edição capa dura e imagens de fac-símiles dessa história com os vários “ok, versão final” do autor, mostrando pra gente que não tem prêmio que mude o caminho caótico que pode ser escrever um livro.
Obrigada pela linda edição, Dona Editora Record.
Cuidados com a leitura: Para quem nunca leu Gabriel García Márquez e vai começar por esse, sugiro que, quando possível, leia os livros principais dele: O Amor nos Tempo do Cólera, Crônica de uma morte anunciada e, claro, o incomparável Cem Anos de Solidão. Porque nesses livros sim, você vai encontrar toda a potência desse escritor fantástico em tantos sentidos.
Sobre o autor: Gabriel García Márquez ou Gabo para seus mais íntimos milhões de leitores, nasceu em 6 de março de 1927 na cidade de Aracataca, na Colômbia. Dos 2 aos 8 anos de idade mora com os avós nessa cidade. A vida familiar de Gabo sempre foi uma grande inspiração para seus livros e quando conhecemos essas histórias um pouco mais em sua autobiografia, vamos entendendo melhor como é que esse universo foi sendo criado dentro dele. Quando o avô morre, se muda para a casa dos pais em Barranquilla.
Na juventude é atravessado pelas grandes narrativas como Mil e uma Noites, mas também pelo mundo literário de William Faulkner, de onde vem essa inspiração de montar imagens tão vívidas para suas histórias.
Outro autor que o influenciou enormemente é Franz Kafka com seu A Metamorfose. Diz a lenda que foi com a transformação do personagem Gregor Samsa em inseto que Gabo teve suas primeiras ideias sobre o realismo mágico.
Em 1948 começa sua carreira de jornalista em Cartagena das Índias e esse é só o início de uma história de amor com esse ofício que vai acompanhá-lo por toda a vida. Inclusive hoje nessa mesma cidade, funciona a Fundação Gabo que apesar de no momento presente estar mais centrada em divulgar e preservar o legado de seu fundador, iniciou suas atividades em 1994 como uma fundação para apoiar a atividade jornalística em vários aspectos.
Seu primeiro livro foi publicado em 1955: La Hojarasca (em português, A Revoada). Em 1967, publica Cem Anos de Solidão e esse é considerado um marco para a literatura latino-americana.
Em breve farei um post somente sobre Cem Anos de Solidão, mas para agora, basta saber que é literatura na sua mais pura versão. O puro suco do milho, diriam hahaha Em vez de Macondo, essa história poderia ser no Brasil ou em qualquer outro país do continente de tão representativo e universal que ela é.
Em outubro de 1982, Gabo ganha o Nobel de Literatura e aí minha gente, não preciso nem falar que se já tinha uma popularidade em torno ele, imagina depois…
E ainda tinha muito mais pra ser publicado como O Amor nos Tempos do Cólera que saiu em 1985 e em 2002 a maravilhosa autobiografia Viver para Contar.
Gabo morreu em 2014, aos 87 anos, no México. Já havia anunciado aposentadoria, tinha questões com demência por conta da idade e outros problemas de saúde que deixavam a nós, fãs, sempre apreensivos.
Falei aqui muito rapidamente porque a história desse autor é gigante para a literatura. Então quando falo que dá um quentinho ter livro novo dele, é por isso.

Ficha técnica:
Título: Em agosto nos vemos
Autor: Gabriel García Màrquez
Editora: Record
Disponível em livro físico e e-book